“Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância. Pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono! Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…”

Clarice Lispector

domingo, 6 de fevereiro de 2011

POR BEIRA

Deixa a poeira cobrir as estantes.
Ela testemunha nossa vida
distante, despreocupada de si mesma.
Quando voltarmos a ela
haverá um vazio que cobriremos
com a fina névoa desses corpos.

Deixa a poeira cobrir os móveis.
Ela saberá que estamos longe
cuidando de nós mesmos
minha pele renovando-se na sua
meus dedos explorando seus territórios.

Deixa a poeira isente de nós
alheia ao movimento.
Ela contenta-se feliz por ser
por cima
por beira
poeira.

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