“Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância. Pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono! Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…”

Clarice Lispector

terça-feira, 11 de março de 2014

Ponho livros a seus pés
para que seus passos sejam livres.
As pedras da doçura
desaguando felicidade.
Jamais saberia oferecer-te
outras águas.

Ponho música nas suas mãos
para que seus abraços sejam fortes.
O sopro da ternura
sangrando saudade.

Jamais saberia oferecer-te
outras paisagens.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

DA TERRA


Seu terreno é ingênuo
é terra virgem
sem piratas nem índios.

Todo o resto
sucumbiu em terremotos
e deslizamentos.

(As águas selvagens não escolhem
o que destruir)

Mas seu terreno
continua ingênuo
...
somente
uma orquídea reina.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013



DO SENTIDO

O que sinto não precisa de permissão
Não precisa de casa
Não preciso de sopro ao ouvido.

O que sinto vive do ar da brisa distante.
Vive de um retrato antigo
Vive de uma palavra gasta.

O que sinto não precisa de estrada
Seu atalho foi coberto pela mata
Seu riacho há tempos está extinto.

Não precisa de papel contrato
Não precisa de luzes acesas.
Sobrevive do silêncio do escuro
Da grade trancada a sete chaves.

O que sinto não precisa de autorização
Sobrevive sem um pedaço de pão.

O que sinto não precisa de vida ou de morte
Existe por si mesmo
E escolhe o seu próprio norte.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DEMOLIÇÃO


O planejamento foi minucioso
Não deveria haver vítimas.
Tudo seria perfeito
sem arestas a talhar.
O castelo de pedras,
tais riquezas largadas nos cantos,
não é mais visão divina.
Já foi decidida a destruição
Demolição dos insignificantes sonhos
Não manteríamos de pé
paredes que não sustentam
nem mesmo ilusões.

* Do livro (Uni)verso - 2012

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Finalista do X Festival Poesia Encenada do Sesc-PB


Mais uma felicidade na minha vida de poeta...
"A Eva" foi classificada para a finalíssima do X Festival de Poesia Encenada do Sesc-PB.
A atriz Ana Maria Nunes deu um show de sensualidade, retratando a mulher com suas contradições e julgamentos.

E hoje tem mais, na Usina Cultural Energisa, às 19h:



A EVA

Castigada pelo pecado de Eva
meu coração segue
rasgado pela costela emprestada.
Nasci marcada pela mordida venenosa
levando nas costas
e no peito a letra escarlate
da culpa,
da traição
e do julgamento alheio.

Lembrança de um paraíso perdido
minha sina é
ser perdição dos desesperados
e a salvação dos escolhidos.

Nasci de um engano das escrituras
manipulação do Hades
idealização de Zeus
falha de planejamento:
o homem será para sempre
cobrado pela costela
roubada.