“Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância. Pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono! Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…”

Clarice Lispector

quinta-feira, 10 de outubro de 2013



DO SENTIDO

O que sinto não precisa de permissão
Não precisa de casa
Não preciso de sopro ao ouvido.

O que sinto vive do ar da brisa distante.
Vive de um retrato antigo
Vive de uma palavra gasta.

O que sinto não precisa de estrada
Seu atalho foi coberto pela mata
Seu riacho há tempos está extinto.

Não precisa de papel contrato
Não precisa de luzes acesas.
Sobrevive do silêncio do escuro
Da grade trancada a sete chaves.

O que sinto não precisa de autorização
Sobrevive sem um pedaço de pão.

O que sinto não precisa de vida ou de morte
Existe por si mesmo
E escolhe o seu próprio norte.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DEMOLIÇÃO


O planejamento foi minucioso
Não deveria haver vítimas.
Tudo seria perfeito
sem arestas a talhar.
O castelo de pedras,
tais riquezas largadas nos cantos,
não é mais visão divina.
Já foi decidida a destruição
Demolição dos insignificantes sonhos
Não manteríamos de pé
paredes que não sustentam
nem mesmo ilusões.

* Do livro (Uni)verso - 2012

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Finalista do X Festival Poesia Encenada do Sesc-PB


Mais uma felicidade na minha vida de poeta...
"A Eva" foi classificada para a finalíssima do X Festival de Poesia Encenada do Sesc-PB.
A atriz Ana Maria Nunes deu um show de sensualidade, retratando a mulher com suas contradições e julgamentos.

E hoje tem mais, na Usina Cultural Energisa, às 19h:



A EVA

Castigada pelo pecado de Eva
meu coração segue
rasgado pela costela emprestada.
Nasci marcada pela mordida venenosa
levando nas costas
e no peito a letra escarlate
da culpa,
da traição
e do julgamento alheio.

Lembrança de um paraíso perdido
minha sina é
ser perdição dos desesperados
e a salvação dos escolhidos.

Nasci de um engano das escrituras
manipulação do Hades
idealização de Zeus
falha de planejamento:
o homem será para sempre
cobrado pela costela
roubada.
 




segunda-feira, 13 de maio de 2013

SAI LISTA DOS SELECIONADOS PARA O FESTIVAL POESIA ENCENADA DO SESC – 2013‏

Já foram selecionados os 30 poemas que participarão da décima versão do Festival Poesia Encenada do Sesc, evento que vem crescentemente mobilizando vários segmentos da cultura paraibana, a exemplo da Literatura, através de uma de suas principais potencialidades, que é a Poesia.
Este ano o evento promovido pelo Serviço Social do Comércio passa a ocupar outro núcleo importante de animação cultural da capital paraibana, que é a Usina Cultural Energisa.
No período de 4 a 6 de junho, sempre a partir das 18 horas, através da exibição de filmes que integram o acervo do CINESESC e tem relação com a produção literária de diversas regiões brasileiras, a programação será desenvolvida pela equipe do Setor de Cultura do Sesc Centro João Pessoa. O público pessoense também terá acesso à Parede Poética reunindo poemas de Vitória Lima e intervenção visual de Andrea Gisele Nóbrega, que inclui fotografias da mesma.
A organização do festival destaca que a entrada será franqueada ao público interessado e que este ano o volume de inscrições (172) reafirmou a empatia que o evento vem gradativamente alcançando juntos aos movimentos de Teatro, Dança, Música e Audiovisual. Essa junção de setores diversificados poderá ser conferida durante os três dias de poesia e intensa agitação artística, mobilizando mais uma variada geração de talentos genuinamente paraibanos.

>> Eliminatória 1 (Dia 01/06)

1. PALHAÇO PIRULITO - Marinalva Rodrigues
2. TANAJURAS - Michel Costa
3. INCOMODA QUE SÓ A GOTA - Kika Peixoto
4. SERRA SERENA - Sérgio Silva
5. DE UM EREMITA - Diógenes Ferraz
6. DUETO DA SEPARAÇÃO - Inácia Rita Maria
7. VOYEUR - Gustavo Limeira
8. A QUEDA - Astier Basílio
9. O CANTADOR DE UM TEATRO MUDO - Raniere Araújo
10. A BÚSSULA DA VIDA - João Maurício dos Santos
11. AGRADO - Pablo Maia
12. ESCROTO - Jean Michel Paixão
13. HOJE - Pedro Araújo
14. TRÊMULO - Maria Romarta
15. DESORDEM MODERNISTA - Helena Paes


>> Eliminatória 2 (Dia 05/06)

1. DESABOTANDO PAGÚ -Ana Amélia Apolinário
2. O POETA - Adilson Medeiros 

3. A EVA - Cyele Carmem
4. FAMÍLIA CITAÇÃO - Priscila Six
5. PASSA O BÊBU - Wênio Pinheiro
6. RESPEITÁVEL PÚBLICO - Márcio de Paula
7. TIRO Á ÁLVARO - Maria Eduarda
8. CRÔNICAS RIMADAS DE UMA CIDADE - Carlos Fernandes
9. ATORMENTADA - Francisca Vânia Rocha
10. VISCERAL - Valmir Neves
11. OS TÊNIS NOVOS DE PÂNTANO - Williams Muniz
12. TINTA, ALEGRIA E TRISTEZA - Kleber Marone
13. GÊNESIS - Helder da Rocha
14. O SEMPRE - Eudes Raony
15. ALMA DELEITE - Cris Estevão


>> FINALÍSSIMA (Dia 06/06)
 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

ENQUANTO HÁ VIDA

"Enquanto há vida" é um projeto do meu querido amigo Jairo Cézar que objetiva a produção de epitáfios por seus próprios autores.
Esta semana, em seu blog http://escritosnoonibus.blogspot.com.br/ foi a vez do meu epitáfio.
Com um tom mais romatizado, meus versos trazaem a despedida de um amor, com consciência de um possível esquecimento, condição tradizada pela morte.
Segue o poema:





"Minhas mãos já não deixar-te-ão despedidas breves,
nem meus lábios sorrirão a leveza da alegria.
Tudo por fim escondido num véu negro...

Esquecerás de mim em outros beijos,
minha imagem se confundirá em outras curvas.
Liberta-me-ei da sua necessidade de ter-me,
poderei respirar sem seu ar.

No entanto, meu coração,
pulsando sem sangue e raiva,
tocará seus sonhos de eterna realidade."

domingo, 28 de abril de 2013

PASSAGEM

Você carregava sua solidão
debaixo do braço
como quem leva tesouro.
Não olhava para os lados
não via gente
nem vida
nem dor.

Você carregava sua paixão
debaixo do braço
como quem leva cristal.
Não sentia remorso
não via futuro
nem estrada
nem dimensão.

Você
carregava
seu coração entre as mãos.
Ia vender na feira
como quem desiste de um cão.
Ele destruiu a casa, os móveis
não tinha mais salvação.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Óbvio

Confundem-se abismos
Saltos de um passado execrado.
Foram-se prisões em torres
tormentas das mais devastadas.
Assim são
e ficam a olhar-me,
para o óbvio.

(Cyelle Carmem)

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência , essa ausência assimilada,
ninguém a rouba de mim.

(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 30 de março de 2013

Ponho livros a seus pés
para que seus passos sejam livres.
As pedras da doçura
desaguando felicidade.

Jamais saberia oferecer-te outras águas...

Ponho música nas suas mãos
para que seus abraços sejam fortes.
O sopro da ternura
sangrando saudade.

Jamais saberia oferecer-te outras paisagens...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

MEMÓRIAS ARTESANAIS

"Não pertenço ao tempo.
Meu rastro transmuta-se em flashs de memórias.
O vento toca leve as pontas dos dedos
leva algo sem saudade
sem aviso de volta.
Artesanatos de beijos sem gosto
tecem novas cenas,
mas eu
não pertenço ao tempo.
Minhas memórias são artesanais.
Alimento o infindável."

Cyelle Carmem

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


Da poesia "Dança", livro (Uni)verso (2012)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Gostaria de agradecer a todos que compareceram ao lançamento do livro (Uni)verso na Usina Cultural Energisa, aos amigos e familiares que prestigiaram esse momento tão singular... Agradeço também aos que não puderam ir, mas que mandaram mensagens de carinho e muito energia positiva. Foi uma noite muito agradável, ao som de chorinho e melhor ainda com meu pai integrando o grupo de músicos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


Convido a todos para o lançamento do meu segundo livro (Uni)verso, no dia 26 de janeiro (sábado), às 19:30h, na Usina Cultural Energisa.

Nele, encontram-se as poesias que participaram da Parede Poética e do IX Festival de Poesia Encenada, ambos realizados pelo Sesc-PB, assim como do Arquivo Poético, organizado pela FUNESC, em comemoração a 30ª Semana Cultural José Lins do Rego, em 2012. 

O livro aborda temas como a efemeridade da vida, a relação sempre conflituosa entre o corpo e alma e a espera pela eternidade.

Será um noite muito agradável!

Conto com a presença de todos.