“Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância. Pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono! Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…”

Clarice Lispector

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

JUÍZO

Teus olhos
dúvida de encruzilhada
se for para o norte
o sul lamenta-se.

Melodia de sereia
tua voz possui
encanto de hipnose
morfina na veia
não há razão nem vontade.

Teus olhos
inferno e céu
o purgatório de todos os dias
levam-me mar a dentro
perco o livre-arbítrio.

Quem me dará o perdão?
Quem decidirá o juízo final?
Minha perdição
e minha salvação
perdi o direito à eternidade.

* Este poema sairá no Volume 74 da Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos da CBJE.

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