“Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância. Pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono! Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…”

Clarice Lispector

domingo, 28 de abril de 2013

PASSAGEM

Você carregava sua solidão
debaixo do braço
como quem leva tesouro.
Não olhava para os lados
não via gente
nem vida
nem dor.

Você carregava sua paixão
debaixo do braço
como quem leva cristal.
Não sentia remorso
não via futuro
nem estrada
nem dimensão.

Você
carregava
seu coração entre as mãos.
Ia vender na feira
como quem desiste de um cão.
Ele destruiu a casa, os móveis
não tinha mais salvação.

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