Há dias em que prefiro ser outra
mudar a cor do cabelo
chocar a quem passa na rua
trocar o jeans surrado
pelo vestido decotado,
surpreender.
Pintar as unhas de azul
Fingir que assim sempre fui.
Há dias em que enjoo de mim!
Aquela cara de menina
previsível para muitos
antiquada para poucos.
Ser um exemplo do que sempre esperam
Ser quase perfeita
Jamais perder o ritmo ou o prumo.
Por isso
há dias em que me visto de outra.
Disfarço-me, escondo-me
Invento um eu,
mais humano
mais incompleto
que se permite errar mais
que se permite não pensar muito
tentando não dar razão a tudo e em tudo.
Assim, é mais fácil seguir levando no bolso
para uma ocasião propícia
a minha essência primeira.
* Poema do livro "Luzes de Labirinto".