“Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância. Pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono! Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…”

Clarice Lispector

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CEGO TEMPO

Não conto o tempo para não vê-lo passar.
Os beijos duram mais que alguns minutos
As festas duram mais que uma noite
O amor passa a ser realmente eterno.

Não conto ao tempo
coisas sobre mim
segredos que me revelam.
Não quero que ele me veja
e passar a contar meus ano.
Quero ter esse mesmo rosto de agora
para não perceber que o tempo anda comigo.

Não conto com o tempo
Ele nos engana
alimenta nossa ilusão.

Não conto para o tempo
que o expulsei dos meus dias.
Ele talvez seja bem cruel
me levando direto para o fim
escurecendo meus olhos
impedindo-me de vê-lo passar
sem que ele não me veja.